A palavra ética é de
origem grega derivada de ethos, que diz respeito ao costume, aos hábitos
dos homens. Teria sido traduzida em latim por mos ou mores (no
plural), sendo essa a origem da palavra moral.
Uma das possíveis
definições de ética seria a de que é uma parte da filosofia (e também
pertinente às ciências sociais) que lida com a compreensão das noções e dos
princípios que sustentam as bases da moralidade social e da vida individual. Em
outras palavras, trata-se de uma reflexão sobre os valores das ações sociais
consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual.
Tentarei decorrer
racionalizando o exercício proposto sobre ética.
E como somos meros
mortais irei me referenciar e revisitar alguns filósofos que se propuseram a
analisar filosoficamente o assunto para então emitir um pensamento sobre o tema
exercitando um pensamento critico sobre o que é ética, como, e de que forma
esta se apresenta em minha perspectiva atual, refletindo a cerca das influencias
que um código moral, e uma conduta ética estabelecem e ou influencia o exercício
virtuoso sobre nossa subjetividade contemporânea.
CONSIDERAÇÕES
Existe
alguma confusão entre o Conceito de Moral e o Conceito de Ética.
“A
etimologia destes termos ajuda a distingui-los, sendo que Ética vem do grego
“ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de
“mores”, significando costumes. Esta confusão pode ser resolvida com o estudo
em paralelo dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam
o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela
educação, pela tradição e pelo cotidiano. É a “ciência dos costumes”. A Moral
tem caráter normativo e obrigatório. Já a Ética é “conjunto de valores que
orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em
que vive, garantindo, assim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que
o homem deve se comportar no seu meio social. A Moral sempre existiu, pois todo
ser humano possui a consciência Moral que o leva a distinguir o bem do mal no
contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a fazer parte de
agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos.”
RICOEUR, 1991.
Observando os dias
atuais fico pensante em estabelecer um pensamento filosófico formal e da razão
humana sobre ética, que na visão de vários filósofos ao longo do tempo se propuseram
a debruçar se sobre o assunto, ética, que confunde se com moral, muitas vezes
esta se entrelaça o senso comum, e prefiro esta separação e distinção que
Ricoeur propõe aos dois conceitos.
Curiosamente, a palavra
"ética" é, hoje em dia, bem aceita nos discursos, enquanto o termo
"moral" é rejeitado em nome de uma conotação vagamente religiosa ou
bem pensante. No entanto, trata se de dois sinônimos, derivados um do grego e o
outro do latim, evocando a arte de escolher um comportamento, distinguir o bem
do mal. (JACQUARD, A. Filosofia para não Filósofos, p. 37.).
Por que, estes
equivocam constantemente? Tenho primeiro que estabelecer quais as relações
morais que nossa sociedade é, e vive estabelecida como um padrão social, onde
concepções morais das mais variadas, quase sempre estão inseridas com certa
religiosidade, ou um parâmetro, de justiça um estado comum e partilhado.
“‘A
justiça concentra em si toda a excelência’. É, assim, de modo supremo a mais
completa das excelências. É, na verdade, o uso da excelência completa.
Completa, porque quem a possuir tem o poder de usá-la não somente para si, mas
também com outrem. [...] a justiça é a única excelência que parece ser um bem
que pertence a outrem, porque efetivamente envolve uma relação com outrem; isto
é, produz pela ação o que é de interesse para outrem [...]”. (Aristóteles,
Ética a Nicômaco, 1130 a1, livro V, São Paulo, Editora Atlas, 2009).
Uma
sociedade se coloca em um conjunto social, uma organização comum, onde estabelecem
um formado ético de bem viver, desfrutando de regras e fazendo delas suas
formas de organização em sociedade moral e de justiça. S.
Tomás de Aquino e Santo Agostinho incorpora-se a ideia de que a
virtude se define a partir da relação com Deus e não com a cidade ou com os outros.
Deus nesse momento é considerado o único mediador entre os indivíduos, portanto
o mediador, condutor e sentenciador dos atos morais e éticos de um grupo.Assim
nossa sociedade hoje se forma em bases morais, e conceitos éticos nos seus mais
variados seguimentos, baseados no cristianismo onde se fundem e confundem o bem
viver social, vista que cada qual sente se moralmente responsável em difundir
uma conduta ética e de valores na comunidade.
Kant afirma ainda
que, nos deixarmos levar por nossos impulsos, apetites, desejos e paixões não
teremos autonomia ética, pois a Natureza nos conduz pelos interesses de tal
modo que usamos as pessoas e as coisas como instrumentos para o que desejamos.
Onde
a quebra destas regras pode fazer o individuo, que faz parte desta sofrer as
consequências estabelecidas por sua organização, ou estado.
Estar
pronto a seguir diretrizes de punição para o bem comum, embora nossa sociedade
esteja fundamentada e sobrevive em uma espécie de capitalismo de consumo latino
americano, que impede esta sociedade de estabelecer um comportamento ético e
virtuoso, e sim manter um comportamento ético moral apaixonante, desprovido de
autonomia racional, algo como um existir e sobreviver à medida que surgem as
mazelas, fatos, questionamentos e interesses pessoais à conduta moral ética se moldam
ou modificam, podendo inclusive ser seguida como um padrão social econômico com
cunho de interesses. A ética para Hegel deve ser determinada pelas relações sociais, o homem
tem uma corresponsabilidade frente as suas ações. Hoje
a ética não se apresenta nas falas e ações do ser como uma virtude, ela esta
sempre embutida de valores morais pessoais e religiosos.
Kant.
Afirmava que: “não existe bondade natural. Por natureza somos egoístas,
ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos
saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos”. De acordo com esse
pensamento, nos tornarmos seres morais era necessário nos submetermos ao dever.
Essa ideia é herdada da Idade Média na qual os cristãos difundiram a ideologia
de que o homem era incapaz de realizar o bem por si próprio. Por isso, ele deve
obedecer aos princípios divinos, cristalizando assim a ideia de dever.
Como
todas as teorias, nossa sociedade contemporânea também sofre as influencias
religiosas na construção de sua ética comportamental, pois esta vem com uma
moral religiosa inserida, discretamente, e em algumas vezes bem explicitas, ditando
as regras para o bem viver ético, e que quase sempre interfere nas condutas do
todo. Sempre quando se pensa em um comportamento
ético nos dias de hoje, este pensar vem acompanhado de questões socioculturais,
uma forte religiosidade ou um padrão estabelecido por um estado instalado e sua
justiça do qual se faz parte, que ira estabelecer ou ditar o comportamento do
individuo. Portanto
se não fores punido pelo estado e sua justiça, serás punido pelo seu meio
social e as ações do outro, baseadas no senso comum, e por fim a justiça divina
da punição certeira e certa que vira. Todo
este contexto “Ético” terá uma analise racional diferenciada no pensamento do
ser, através de sua busca virtuosa ao longo da vida, o que fará do ser, um “Ser”
melhorado a cada dia, e não passível de influencias terceiras e punições do bem
contra o mal.
Aristóteles subordina
sua ética à política, acreditando que na monarquia e na aristocracia se
encontraria a alta virtude, já que esta é um privilégio de poucos indivíduos.
Também diz que na prática ética, nós somos o que fazemos, ou seja, o Homem é
moldado na medida em que, faz escolhas éticas e sofre as influencias dessas
escolhas. Uma
Ética subjetiva de bem viver seria um ideal nos dias atuais, bem diferente da
que é colocada nas obras de Aristóteles, embora esta seja sua realidade naquele
contexto histórico, que é em sumo muito significativa a aquele período.
Talvez hoje o que me
confortaria seria pensar em uma ética “Pragmática” Com raízes na apropriação de
coisas e espaços, na propriedade, tem como desafio à alteridade (misericórdia,
responsabilização, solidariedade), contribuindo para a igualdade entre os
homens: “distribuição equitativa dos bens materiais, culturais e espirituais”.
O homem é visto, como sujeito histórico-social, e como tal, sua ação não pode
mais ser analisada fora da coletividade. Embora seja um ideal tão distante.
Pois
assim determina Vasquez (1998) ao citar Moral como um “sistema de
normas, princípios e valores, segundo o qual é regulamentado, as relações
mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que
estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e
conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica,
externa ou impessoal”.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIAS
ABBAGNANO, Nicola.
Dicionário de filosofia. 4. ed.Martins fontes.2007
ARISTÓTELES, Ética a
Nicômaco, trad. Edson Bini, São Paulo, Ed. Edipro, 1ª.
Edição, 2002.
OS PENSADORES, “São
Tomás de Aquino” São Paulo: Abril Cultural 1980.
OS PENSADORES, “Santo Agostinho” São Paulo: Abril Cultural 1980.
PESANHA, José de Américo Motta. “Santo Agostinho (354-430) Vida e Obra” p. VI –
XXIV in “Os Pensadores, Santo Agostinho” São Paulo: Abril Cultural 1980.
ROSA, Maria da Glória de. “A História da Educação através dos textos”. São
Paulo: CULTRIX, 2002
RICOEUR, Paul.Ethique
ent moralem.Editions Seuil,1991.
Fontes:
http://circulocubico.wordpress.com/2008/04/04/tica-e-moral/